o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Estamos aqui talvez para dizer água



As palavras desistem
São poucas eu muito
Apesar de ficar longe
De mim esse tempo todo
O silêncio voz dos introvertidos
Pode durar dez anos
O resto são fragmentos
De uma longa tarde
Ou das graves sombras do rio
Por onde me seguem
Os líquidos passos da morte
Meu caminho ondeia & despista
Sabe eu vivo sempre nas margens
Sob a chuva vermelha das metáforas
Apenas um dos meus pés está no fogo
Perto daqui não há consolo
As gaivotas no inverno fogem para as águas doces
Nunca retornei




Ney Ferraz Paiva
Imagem: Marepe

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