o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

IMAGEM DO VELHO POETA QUE SE EXERCITA
COM PESO DE PEDRAS DO MUSEU DE OLÍMPIA


Tenho fumado uns cigarros um pouco de
tabaco faz eu me sentir menos esquisito
Sem cigarro não consigo escrever aquele
prefácio nem consigo fazer a barba ficar
bonito Tenho uns amigos que sem fumar
conseguem ser bons poetas em Curitiba
Em Belém não consigo escrever uma linha
Tenho uma filha que só lê Dostoiévski
Sem cigarro não consigo ter influência
Tenho rixas distratos maus antecedentes
Não sou terno com plantas gatos crianças
Nem mesmo eu me suporto topo comigo
Que posso fazer? Sem cigarro me desgasto
faço mais concessão plágio gato & sapato
Poeta insignificante ri à-toa vive caindo
tropeça nas etiquetas comuns da língua
Aí é que são elas eu não consigo a memória
despedaça até mínimos trechos da Odisseia
Tenho agora cinquenta anos sou de 15 de
outubro Rimbaud de 20 já te aviso ele fica
belo forte tranquilo Sem cigarro não consigo




ney ferraz paiva
belém out. 2014