o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

POEMAS MUNDANOS
21 DE JUNHO DE 1962


Trabalho todo dia como um monge
e à noite vagueio, como um gato
à cata de amor… Vou sugerir
à Cúria que me santifique.
Com efeito, respondo à mistificação
com a mansidão. Olho com olhos
de imagem os que vão linchar-me.
Observo o meu massacre com a coragem
serena de um sábio. Pareço
sentir ódio, mas escrevo
versos cheios de amor atento.
Estudo a perfídia como um fenômeno
fatal, como se dela não fosse objeto.
Tenho pena dos jovens fascistas,
e aos velhos, que são para mim formas
do mais horrível mal, oponho
apenas a violência da razão.
Passivo como um pássaro que, voando,
tudo vê, e, no seu vôo para o céu,
leva no coração a consciência
que não perdoa.



Pier Paolo Pasolini 

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