o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

PAOLO ROVERSI

Carpe diem

Que faço deste dia, que me adora?
Pegá-lo pela cauda, antes da hora
Vermelha de furtar-se ao meu festim?
Ou colocá-lo em música, em palavra,
Ou gravá-lo na pedra, que o sol lavra?
Força é guardá-lo em mim, que um dia assim
Tremenda noite deixa se ela ao leito
Da noite precedente o leva, feito
Escravo dessa fêmea a quem fugira
Por mim, por minha voz e minha lira.

(Mas já de sombras vejo que se cobre
Tão surdo ao sonho de ficar — tão nobre.
Já nele a luz da lua — a morte — mora,
De traição foi feito: vai-se embora.)

MÁRIO FAUSTINO. "Esparsos e inéditos". In: Poesia de Mário Faustino. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
 

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