o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

"cambridge", desenho de sylvia plath


brasília


será que elas existem
essas pessoas com torso de aço
cotovelos e olhos alados

aguardando tufos
de nuvem, para lhes dar expressão
esses super-homens! 

e o meu bebê deixado num prego
impulsionado, conduzido
adentro, grita, obeso

ossos exalam a distância.
e eu, quase extinta,
seus três dentes de corte

 acertam meu polegar 
e a estrela,
a velha história.

no caminho encontro ovelhas e vagões,
terra vermelha, sangue materno.
ó tu que devoras

homens como raios de sol, deixe
este
espelho, desfigurado, não redimido

pela aniquilação da pomba,
a glória
o poder, a glória.


sylvia plath, londres, 1962
livre versão: ney ferraz paiva


ao centro, quadro com o poema "brasília" ilustrado com o desenho "cambridge".
exposição de sylvia plath na mayor gallery, londres, 2011.



Will they occur,
These people with torso of steel
Winged elbows and eyeholes

Awaiting masses
Of cloud to give them expression,
Thes super-people! 
And my baby a nail
Driven, driven in.
He shrieks his grease

Bones nosing for distance.
And I, nearly extinct,
His three teeth cutting
Themselves on my thumb 
And the star,
The old story.

In the lane I meet sheep and wagons,
Red earth, motherly blood.
O You who eat

People like light rays, leave
This one
Mirror safe, unredeemed

By the dove's annihilation,
The glory
The power, the glory.


Parte superior do formulário

Nenhum comentário:

Postar um comentário