o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012



tangida por éolo



da extrema aridez à exuberância extrema
não sou indiferente aos elementos que lhe tumultuam a face
árvore que sou tenho seiva e axioma
fabrico por osmose vida
tabebuia eugênia persea artocarpus plinia hymenaea
passo interferindo na fronteira ideal dos hemisférios
sendo as vezes rarefeito colar de ilhas
bioma sim bioma não sem frequentes esterilidades
líquens  que preparam a vinda das lecídeas frágeis
não deixo o platô desnudo
tudo permito, água nos meus joelhos vento nos cabelos
me estendo fundo na terra
em sucessivas fases de transfigurações maravilhosas


juliete oliveira
imagem: terry winters

2 comentários:

  1. o poema encena uma vez mais, num modo próprio, a crise entre homem e natureza, todos os lances humanos entregues à decadência uma vez que a natureza sucumbe com ele. há os negociantes de madeira e os que leem livros, que há de diferente ele eles? pergunta-nos Bertolt Brecht, em "Na selva das cidades". A face tumultuada de quem não reconhece mais um ipê roxo na paisagem...

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