o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

domingo, 20 de novembro de 2011



AMOR NO HOSPÍCIO
DYLAN THOMAS


Uma estranha chegou
A dividir comigo um quarto nessa casa que anda mal da cabeça,
Uma jovem louca como os pássaros


Que trancava a porta da noite com seus braços, suas plumas.
Espigada no leito em desordem
Ela tapeia com nuvens penetrantes a casa à prova dos céus


Até iludir com seus passos o quarto imerso em pesadelo,
Livre como os mortos,
Ou cavalga os oceanos imaginários do pavilhão dos homens.


Chegou possessa
Aquela que admite a ilusória luz através do muro saltitante,
Possuída pelos céus
Ela dorme no catre estreito, e no entanto vagueia na poeira
E no entanto delira à vontade
Sobre as tábuas do manicômio aplainadas por minhas lágrimas deâmbulas.


E arrebatado pela luz de seus braços, enfim, meu Deus, enfim
Posso de fato
Suportar a primeira visão que incendeia as estrelas.


Tradução: Ivan Junqueira

Imagem: Egon Schiele

terça-feira, 1 de novembro de 2011

louvação a santorquato dos matadouros


você dizia a palavra desejo
e outra palavra que não desejo
você dizia prazer aquele prazer
acima do cumprimento banal
olá e aí? beleza: muito prazer
limiares gradientes fluxos
sair era a maneira de não ajustar
repisar imitar obedecer
torquato-inexato anjo não confeccionado
passo trocado muito a fim de todos os fins


ney ferraz paiva