o verão envelhece, mãe impiedosa (Sylvia Plath)

quinta-feira, 2 de julho de 2009



Das medidas e desmedidas contra a Amazônia

Que tempos são esses, em que
Falar de árvore é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?
Bertold Brecht


O Senado mais uma vez atuou nas sombras contra os povos da Amazônia. Na madrugada do dia 03 de junho, na semana em que se comemorava o Dia Internacional do Meio Ambiente, o indormido plenário aprovou a Medida Provisória 458, que “regulariza” a ocupação (leia-se grilagem) de terras públicas da Amazônia Legal. Como sombras chinesas, o Senado gosta de fazer teatro para o público que melhor paga. Pouco importa o que estiver à venda: eles vendem, vendendo-se. É mais do que uma vergonha, é um procedimento vil que ultrapassa em muito os limites de Brasília, da vida anababesca que se dá aos políticos para que eles defendam os interesses dos seus Poderosos Patrões. Isso transparece neste teatro silencioso sempre em cartaz pelos palcos de Brasília. Tanto o Senado quanto a Câmara estão presos aos fios das negociatas e da corrupção, como títeres deste bailado escabroso. Os povos da Amazônia e todo povo brasileiro saem perdendo. Não vi, nem li absolutamente nada em tom de protesto ou de reprovação do governo do Tocantins sobre o fato, mas também, como poderia afastar-se agora de sua indiferença, de seu “apolitismo” de opinião? Sabe-se: para certos temas o silêncio é regra. Ou será que o Estado já foi retirado da Amazônia Legal como queria fazer aqui certa “trupe” política? A relatora da Medida 458 é senadora pelo Tocantins. Mas o povo do Tocantins não defende que se negocie o que é seu com grileiros. Os pequenos produtores do Bico do Papagaio e do sudeste do Estado (já que a região central está tomada pelo agronegócio) não foram chamados para entrar nesse “esquema”, já que tão vantajoso. Eles como nós não perderam o senso da realidade e da percepção coletiva. Não estamos à venda, seja no mercado legal ou ilegal. Acreditamos na Amazônia e nas novas relações com o trabalho a partir da preservação da Floresta. Entendemos que este é o caminho para os novos agenciamentos econômicos, sociais e políticos na Amazônia Legal e em todo Norte do país. Junte-se tudo: a calamidade pública em que se transformou a vida dos Povos da Amazônia com as recentes chuvas, grilagem de terra, exploração ilegal de madeira, conivência do judiciário e dos políticos com esses delitos. E mais esta escabrosa lei aprovada quase na íntegra pelo Presidente Lula há uma semana – um ultraje à memória de Gabriel Pimenta, irmãos Canuto, Paulo Fonteles, Chico Mendes, Pe Josimo, Irmã Dorothy e tantos outros que tombaram lutando por um país justo, por oportunidades iguais para todos no campo e na cidade.


Ney Ferraz Paiva
Imagem: Miguel Chikaoka


Um comentário:

  1. Ola,
    Tudo bem?

    Trabalho com o Núcleo de Relacionamento e Disseminação em Mídia Social, empresa que presta consultoria ao Governo de Minas, com o objetivo de aproximar cidadãos.

    Entro em contato, pois como o blog fala sobre cultura e literatura, gostaria de lhe enviar algumas informações - via email - sobre projetos e iniciativas do setor no estado de Minas Gerais. Caso tenha interesse, peço que entre em contato pelo email: thamires@webcitizen.com.br . Duvidas, sugestões e críticas, fico à disposição.

    Abs e obrigada.
    Thamires Andrade

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